Será que o trabalho remoto veio para ficar?
E se há dois anos alguém te falasse que você não precisaria mais ir para o escritório todos os dias? Como isso te impactaria?
Segundo a revista The Economist, um dos assuntos mais discutidos pelas lideranças das empresas atualmente tem sido a forma e velocidade com que o retorno ao trabalho presencial deverá ser feito. Com a reabertura das economias, os empregadores se deparam com difíceis decisões. As estratégias que surgirão dessas discussões irão moldar não só o que acontecerá nos locais de trabalho nos próximos meses, mas também no futuro do trabalho nas organizações.
Algo que veio para ficar é óbvio, o mindset desfavorável ao home office está em extinção e foi substituído por diversas atitudes que variam conforme o setor e a região. Em um extremo, alguns negócios esperam que seus funcionários retornem 100% aos seus postos de trabalho. No outro extremo, diversas empresas estão se desfazendo totalmente de seus escritórios. No Brasil, por exemplo, a XP Inc anunciou em junho de 2021 a possibilidade do home office permanente e horários flexíveis, com disponibilização de todos os equipamentos necessários aos funcionários.
Entretanto, em um artigo publicado esse mês, a revista The Economist, mostra que a maioria das organizações ainda se encontra em algum lugar no meio do caminho. Os líderes de três grandes bancos de Wall Street (Morgan Stanley, Goldman Sachs e JP Morgan) já declaram que todos empregados devem retornar fisicamente aos escritórios. Porém, na Europa, alguns CEOs do mercado financeiro veem o home office como uma oportunidade de atrair talentos.
O banco suíço UBS, por exemplo, passou a permitir que dois terços de seus funcionários optem pelo trabalho “híbrido”, combinando alguns dias trabalhando de casa e outros no escritório. Já o NetWest, um banco britânico, espera que somente 1 em cada 8 funcionários retorne permanentemente ao escritório, com o restante trabalhando 100% de casa ou de forma híbrida. Nos Estados Unidos, o Facebook declarou que todos seus funcionários contratados poderiam se candidatar ao trabalho remoto. O Spotify e o Twitter anunciaram aos seus funcionários que eles podem trabalhar remotamente para sempre, caso prefiram.
O que essas declarações nos dizem? Que os líderes das empresas estão realmente preocupados em não perder seus talentos com a possibilidade da volta do trabalho presencial. Alguns líderes, como Dylan Field, co-fundador da Figma, uma plataforma de design, se preocupam com a possibilidade de seus funcionários pedirem demissão caso as regras de retorno sejam muito restritivas. As pessoas se acostumaram com a flexibilidade de trabalho e muitos não querem mais renunciar a ela após quase 18 meses trabalhando neste modelo.
Em muitos setores e regiões, algo é evidente: as pessoas gostam de poder trabalhar de casa, pelo menos, ocasionalmente. Uma pesquisa feita com 2 mil pessoas pela Prudential, empresa do setor de seguros, mostra que 87% daqueles que trabalharam de casa durante a pandemia gostariam de poder continuar trabalhando dessa forma após a flexibilização das restrições. De acordo com a mesma pesquisa, 42% dos trabalhadores remotos disseram que iriam procurar um novo trabalho, caso fossem obrigados a retornar 100% presencial ao escritório. Somente 1 em cada 5 trabalhadores nos Estados Unidos afirma que nunca, ou raramente, gostaria de voltar a trabalhar de casa com o fim da pandemia, segundo essa mesma pesquisa.
Em outra pesquisa recente com mais de 10 mil trabalhadores europeus, 79% das pessoas afirmaram que apoiam leis que proíbam a liderança de obrigar os funcionários a trabalhar no escritório. De acordo com um estudo publicado pelo banco Morgan Stanley, os funcionários mais jovens, normalmente vistos como os mais prejudicados pelo trabalho remoto, se adaptaram a este modelo. Membros da geração Z (16 a 21 anos), são mais propensos do que qualquer outra geração a declarar que seria sua escolha pessoal seguir trabalhando remotamente.